Odeio perder.
Não consigo conviver com o sentimento de que alguém é melhor que eu.
Tenho raiva, ódio, pena.
Pena de mim que não soube dar o máximo e mostrar do que sou capaz.
Talvez não seja pena,
está mais para um desconforto,
uma angústia que me consome.
Com que cara irei olhar para os que acreditaram em mim?
Falta-me coragem para saber perder.
Para admitir a derrota
e enxergar nela uma chance de crescer.
Sim, eu sei que isso é possível e necessário.
Mas tem que ser tão difícil?
Por que criar tantos planos e expectativas em cima de algo que não aconteceu?
Preciso de um espaço para fugir do mundo e das cobranças,
embora a maior cobrança de todas é a que vem de dentro de mim,
vem desse meu ego imaturo
que não suporta ser superado.
Pensei que com o tempo isso fosse passar,
como uma enfermidade que cura com repouso.
Mas não.
Acho que esse sentimento é o mais doloroso,
pois não tem volta.
Não tem como voltar atrás e provar que eu sou melhor.
É preciso combater essa angústia para que,
num próximo teste,
eu possa colher os louros da vitória.

As vezes penso que sou o centro de tudo, que o mundo gira apenas porque eu existo. Penso que é tudo uma armação para que eu possa aprender sobre a vida e me tornar alguém melhor. Armação que parece previsível, pois conheço os métodos que são utilizados para fazer meu mundo girar, assim prevejo coisas que vão acontecer no meu mundo. Por outro lado, penso que talvez eu que seja previsível, afinal eu me conheço melhor que ninguém. Será mesmo? Meus sentimentos são previsíveis, e como não seriam? Eles estão dentro de mim, ainda que, muitas vezes, eu queria arranca-los do meu corpo, como se fossem partes podres de uma maça. Quero, mas não consigo! E dói! Dói como uma perna quebrada, a qual precisa ser imobilizada para que sare. Com meus sentimentos faço o mesmo. Conheço eles, sei como vão agir. Por isso deixo eles o máximo possível no meu interior, para que não se exponham e com isso não se quebrem, assim não preciso imobiliza-los fazendo o meu mundo parar de girar...